"Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome."(Perto do Coração Selvagem) Clarice Lispector
Talvez essa frase de
Clarice Lispector possa explicar um pouco o perfil dessa jovem escritora em
fase experimental, Marielle Cristina talvez seja só mais uma entre tantas
garotas que gosta de rascunhar pensamentos no canto do caderno, não, todos
somos únicos e temos a necessidade de exprimir nossa subjetividade seja com
musica, fotografia, desenhos...
Para ela, que na verdade diz não ser uma grande
leitora, a inspiração vem da 7° arte: romances pomposos a estranhezas de Tim
Burton... Tudo é valido na arte desde que abra suas portas criativas, e fazer
parte de uma geração visual não a impede
de criar, escrever talvez fosse o seu “Ensaio Sobre a Cegueira”, ato este que
da nome a um filme que se orgulha em dizer que assistiu, e não, ela não leu o romance
de José Saramago mas em uma conversa casual percebi que entendeu a mensagem da
obra, já que o filme, não menos complexo é tão fiel, e apesar disso ainda persiste em
ser uma observadora que usa de seus olhos para sugar o mundo e as coisas e
assim transcrever tudo somado a seus sentimentos.
Da aflição que se
sente ao assistir “Ensaio sobre a Cegueira” a dor e sensibilidade de “Inquietos”,
do diretor Gus Van Sant outro grande consumidor de imagens e sentimentos, ela
busca em filmes seu País das Maravilhas... Mas não pretende se perder por lá,
em outra conversa em outra ocasião diz “eu às vezes sou mais do outro mundo do que
do real, e quando baixo meus pesinhos, ai o bicho pega... então prefiro firmar
o pé na minha vidinha, e alienar no mundo alienado, se me entende”
“Em Perto do
Coração Selvagem” de onde vem a frase que da inicio a este post e é o livro
preferido de Marielle, percebemos uma crise dentro do mundo subjetivo
alternando fatos ao objetivo, sim, estamos todos fazendo isso o tempo todo e é
dai que vem seus textos (ainda em estado bruto, ou seja, em estado mais sincero):
“Tá todo mundo
falando. Já é maior murmurinho. Falaram lá no pelourinho e trouxeram cá pros
montes verdes.
Os ventos frios
sussurraram ali no sul e os raios do sol iluminaram lá no leste.
Cabra macho, sim
senhor, leva lá, leva lá. O mano vem com a rima, o malandro vem sambar.
Tem um branco, tem um
negro. O amarelo ainda quer pintar. Pinta o corpo, pinta a face; vermelho e
azul;
Tem tanta cor, tem
tanta gente, tem tanto agrado que dá pra desenhar aquele sorriso largo cor de
mar.
O pé que dança a mão
que pinta, a voz que canta!
A arte que os olhos
podem ver a luz que eles levam a iluminar o palco cultural da vida,
Sempre espetacular,
apresentam a queda das cortinas.
O preconceito que ti
cega ao progresso, traz a desordem do afeto.
Respeitável público,
plateia do teatro mudo, olhos bem abertos, pois as palavras podem enganar,
mas o que vós veem
somente suas próprias palavras vão falar.
Anunciam a queda das
cortinas, vão escancarar tudo e você escolhe o que vai ver.
A beleza que tanto
procuram... Um espelho pra você !
Tem um negro, tem um
branco, o amarelo pinta pra ti. Um espelho colorido. A alegria está dentro de
ti !”
“Vou ter-me em
pensamento, dos melhores aos piores.
Vou me apegar em meus
sentimentos, por eles pra mim, pra quem quiser.
Vou despertar-me de
meus sonhos ao pisar nas terras soltas.
Vou atentar-me dos
perigos que me disponho em tanto, tanto ir, sem saber pra onde.
Vou não fazer este
instante de qualquer das minhas lembranças.
Fui, só em certo
momento perceber, que de sempre ir deixei o que poderia ser ou não ser.
Não pense baixo,
eleve-se em imaginar, o real na real, sem tanta intensidade,
É de verdade tão
simples e ti importa em não ignorar”
vc psicolouco : E eu
só tive sangue pros olhos. Sem voz pra cantar os sentimentos, sentido pra razão,
foi apenas aquele
vermelho vivo por onde os olhos corriam.
Sempre atrás de uma
razão em função da qual nos perdemos,
e nos dizem loucos
sempre que não a temos.
Em meio a tantos tabus
e imposições da sociedade sanidade,
a razão é apenas imaginação e assim a
criatividade é plena por um todo.
A loucura é convivente
ancestral, insano é quem não acredita nela"
"Sabe que eu nunca fui
de pedir um algo de nada. Que ridícula omissão !
Por este, hoje me
proponho e vou mesmo é dizer:
peço um pouco de tudo,
tudo onde esteja meus ideais, tudo onde me encontre bem.
Peço tudo a mim, que
apenas eu posso me dar.
Hoje eu me peço um
pouco de atenção, que entenda com paciência e orgulho.
Hoje eu vejo o que foi
construído até aqui.
Hoje eu compreendo,
não muito satisfeita, o porque de muitas coisas.
E finalmente, ontem
algo começou a ser esquecido e pelo meu pedido,
pelo que está batendo
em mim agora, amanhã e em dias mais leves eu me peço, eu me peço, eu me... EU
!"
"As vezes é preciso
fazer desistências. As vezes é preciso parar com tudo.
A gente observa de
forma errada e os demais se aproveitam disso.
A gente se omiti pra
tudo e anda sempre com nada.
A gente vai com a mão
no bolso e os demais vem com a mão armada.
As vezes é preciso não
ser tão legal.
As vezes é preciso
levantar a mão num basta, articular, de voz baixa, firmar.
A gente
"entende" coisas que nunca são e o que é a malandragem compra.
A gente transparece o
de dentro e os demais o jogam fora.
A gente nem sempre
espera muito, mas ao menos sente um querer.
As vezes, a gente, nem
sempre, sente algo.
Essas mentes cheias de
nada, sem a razão que dificilmente existe entre nós,
se martirizam por
longo tempo e entendem ainda menos o que é preciso ...
O que eu preciso?
Assim que nunca saberei, sim ou não, sem peso, um café pra acompanhar.
Ainda o precisarei,
muito e muitos, mas vai aí, um café pra acompanhar."
"Pois sim, hoje
as coisas estão mesmo estranhas. Estou olhando aquela luz ali, logo ali.
Nem tão forte, nem
leve toque. Foi o que eu consegui achar.
É o que tem pra hoje e
eu tento me virar com isso.
Essa insuficiência que
a gente cisma sempre em ter. Batendo na mesma tecla, história repetida.
A gente não se cansa
mesmo de esperar, sem entender o grande PORQUE disso e muito mais.
Explicação não há e
nem precisaria haver.
Isso ‘são’ humanos em
transições, pra mais ou pra menos, sem ‘ser’.
Existe essa linha
tênue e por isso a dúvida de um ‘ser’ ou não ‘ser’, qual é a questão?
Barganhado um restinho
daqui pra tentar pegar um pouquinho dali.
Essa droga que é
esperar, e, pois, sem esperança.
Esse é um não ‘ser’
sem razão, vivendo ao meio."
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